O Acesso Livre na SBPC: questões e incertezas?
Ao final do encontro aberto realizado na 59a. Reunião Anual da SBPC em Belém - PA, uma das pessoas presentes fez uma colocação que reflete o pensamento de muitos dirigentes da comunidade científica. Isso reflete também a ignorância desses dirigentes quanto ao sistema da comunicação científica existente.Esse receio, colocado ao final do encontro diz respeito a que, em liberando o acesso aos resultados das pesquisas brasileiras, o mundo todo terá a oportunidade de roubá-los, provocando prejuízos à ciência brasileira e ao país.Ora, esquecem esses dirigentes que hoje o pesquisador já publica esses resultados em revistas científicas comerciais e, que são acessíveis àqueles que têm poder aquisitivo para assiná-las. Esse presumível segredo já está sendo revelado ao mundo todo. Portanto, torná-los livremente acessíveis em nada vai alterar as possibilidades atuais de cópia ou patenteamento de uma pesquisa desenvolvida por cientistas brasileiras. É tolice imaginar esse tipo de prejuízo.O que é preciso fazer é educar os nossos pesquisadores a escreverem corretamente os seus artigos de forma a não revelar os segredos de patentes. Além disso, as univesidades e unidades de pesquisa deveriam desenvolver e promover mecanismos de proteção e ajuda aos pesquisadores, antes que eles revelem os seus resultados indevidamente. Portanto, é preciso saber escrever, é preciso tomar todas as precauções para a proteção dos resultados de pesquisa.Existem diversas histórias e anedotas dando conta de pesquisadores que não souberam proteger os seus conhecimentos, adquiridos em pesquisas financiadas com recursos públicos, e que tiveram a infeliz constatação de terem perdido a patente por esses conhecimentos para outros pesquisadores brasileiros ou estrangeiros. Esses fatos acontecem e aconteceram ao longos de todos esses anos no tradicional sistema de comunicação científica. Portanto, a abertura do acesso ao conhecimento científico não coloca em risco os resultados de uma pequisa. Esse é um problema é inerente ao pesquisador, é responsabilidade dele e de sua instituição a proteção desses resultados, desses conhecimentos.Portanto, esse risco não é algo inerente ao acesso livre, não é algo que possa ocorrer em se colocando esses resultados para acesso livre. Isso é muito claro. As cópias de trabalhos alheios sempre existiram, só que eram difíceis de se detectar, pois essas publicações tinham o acesso de poucos e muitas vezes esses resultados ficavam nas prateleiras de uma biblioteca. Assim, só por muito azar os piratas de trabahos alheios poderiam ser descobertos, visto que esses trabalhos não tinham visibilidade alguma.A constatação que se verifica é que os trabalhos depositados em repositórios de acesso livre têm maximizada a sua visibilidade, sendo, portanto, muito mais fácil detectar as cópias e piratarias. Na minha concepção o acesso livre, mais do que uma ameaça, é uma proteção aos pesquisadores, pois o trabalho depositado, está definitivamente registrado e se algo parecido aparecer posteriormente poderá rapidamente ser descoberto. Além disso, a maximização da visibilidade dos trabalhos depositados em repositórios de acesso livre inibirá sobremaneira a pirataria.
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